27 agosto 2007

 

O Primo Basílio


Fui ontem assistir o filme O Primo Basílio, drama adaptado do famoso romance homônimo de Eça de Queiroz, dirigido por Daniel Filho. Com produção e elenco excelentes, o filme recria, sem muita alteração, a estória original. O enredo, para quem não viu o filme nem leu o livro, conta o drama de uma moça de boa família, casada, com uma vida calma e sem muito tempero. O marido, engenheiro, precisa viajar e a deixa sozinha e praticamente sem ter o que fazer. É quando surge Basílio, seu primo, que há muito não a via. Tinham tido um namoro e uma promessa de casamento não cumprida. Os sentimentos ressurgem e ele consegue seduzi-la. Passam a encontrar-se regularmente. Ele aluga um apartamento para os encontros amorosos. Ela, apesar do sentimento de culpa, não consegue fugir da teia armada pelo primo e se apaixona por ele. A empregada de Luísa consegue interceptar a correspondência trocada entre os dois e com isto passa a chantageá-la, fugindo de suas obrigações de empregada e exigindo que a patroa realize os serviços domésticos em seu lugar, enquanto praticamente assume o papel de dona da casa. Essa relação invertida entre patroa e empregada, a certa altura, toma todo o espaço na trama e é o ponto alto do filme. Ela se dirige ao amante e sugere que fujam juntos, mas o primo não topa a parada e ela cai em desespero. Sem saída, Luísa pede ajuda a um amigo do marido, que consegue resgatar toda a correspondência. Durante o resgate, a empregada morre. Mesmo assim a esposa não se livra do passado, uma vez que, ao retornar, o marido recebe involuntariamente uma correspondência de Basílio para a amada. Curioso, lê e descobre todo o ocorrido. Disposto a acabar com a farsa, mostra a carta à esposa, que profundamente chocada cai em depressão e termina por morrer, não sem antes receber o perdão do marido.
Em relação ao orinal, ainda que tenha modificado alguns elementos da trama - o maior deles é a mudança de ambientação, saindo da Lisboa do século XIX para a São Paulo de 1958, o roteiro de Euclydes Marinho mantém certa essência do romance.
Gostei e recomendo.
Abraços...Marcelo

20 agosto 2007

 

Nova ortografia da língua portuguesa

Blog também é cultura. O Brasil vai adotar novas regras ortográficas a partir de 2008, e é bom que a gente já vá se acostumando. As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa --uma população estimada hoje em 230 milhões-- e têm como objetivo aproximar essas culturas. Tecnicamente a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início do ano. Isso porque a CPLP (Comissão de Países de Língua Portuguesa) definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia vigorar. O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro. A nova ortografia deveria começar, também, nos outros cinco países que falam português (Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste). Mas eles ainda não ratificaram o acordo. Portugal ainda faz resistência, mas terminará por adotar também. "Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido", afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.
As mudanças serão as seguintes:

HÍFEN
Não se usará mais:
1. quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em "antirreligioso", "antissemita", "contrarregra", "infrassom". Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r -ou seja, "hiper-", "inter-" e "super-"- como em "hiper-requintado", "inter-resistente" e "super-revista"
2. quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: "extraescolar", "aeroespacial", "autoestrada"

TREMA
Deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados

ACENTO DIFERENCIAL
Não se usará mais para diferenciar:
1. "pára" (flexão do verbo parar) de "para" (preposição)
2. "péla" (flexão do verbo pelar) de "pela" (combinação da preposição com o artigo)
3. "pólo" (substantivo) de "polo" (combinação antiga e popular de "por" e "lo")
4. "pélo" (flexão do verbo pelar), "pêlo" (substantivo) e "pelo" (combinação da preposição com o artigo)
5. "pêra" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera" (preposição arcaica)

ALFABETO
Passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras "k", "w" e "y"

ACENTO CIRCUNFLEXO
Não se usará mais:
1. nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus derivados. A grafia correta será "creem", "deem", "leem" e "veem"
2. em palavras terminados em hiato "oo", como "enjôo" ou "vôo" -que se tornam "enjoo" e "voo"

ACENTO AGUDO
Não se usará mais:
1. nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia"
2. nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: "feiúra" e "baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e "baiuca"
3. nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem

GRAFIA
No português lusitano:
1. desaparecerão o "c" e o "p" de palavras em que essas letras não são pronunciadas, como "acção", "acto", "adopção", "óptimo" -que se tornam "ação", "ato", "adoção" e "ótimo"
2. será eliminado o "h" de palavras como "herva" e "húmido", que serão grafadas como no Brasil -"erva" e "úmido"

Dito isto, que todo mundo já vá utilizando e treinando. Apesar de algumas coisas parecerem esquisitas, como no caso do hifen, creio que as novas regras vão simplificar e evitar muitos erros.
A língua é dinâmica e devce ir sempre se adaptando aos novos tempos.

Um abraço...Marcelo

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